Abimaq, desempenho do setor

No mês de julho a receita líquida da indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou crescimento em relação ao mês imediatamente anterior (+2,4%), mas queda quando comparado com o mesmo mês de 2018 (-5,2%). Em função disto o crescimento acumulado no ano de 2019 encolheu mais um pouco, de +3,9%, observado no encerramento do semestre, para +2,4% até o mês de julho. Neste mês, a piora nas vendas veio pelo mercado doméstico que encolheu tanto em relação ao mês anterior (9,8%) quanto sobre o mesmo mês de 2018 (- 17,2%). No ano, por outro lado, prevalece a melhora no mercado doméstico que acumulou crescimento de 5,8% no período.

 

Analistas de mercado preveem uma nova redução do PIB para o segundo trimestre, que se confirmada, será a segunda queda consecutiva, caracterizada como recessão técnica. Esta fraca atividade doméstica tem inviabilizado a intensificação dos investimentos, e o que temos observado é a substituição de componentes e máquinas visando a manutenção das atividades. Pelo lado externo, ao contrário do observado nos últimos anos, os sinais também não são animadores, estamos diante de um mundo em desaceleração, principalmente naqueles mercados onde o setor de máquinas e equipamentos nacionais tem maior presença (Mercosul, Zona do Euro e China).

 

Mas, apesar da desaceleração no cenário internacional, em julho de 2019, as exportações de Máquinas e equipamentos, registraram bom desempenho e cresceram 24,1%, tanto em relação ao mês anterior como sobre o mesmo mês do ano anterior. Este importante crescimento, foi reflexo das vendas de máquinas e equipamentos para o Paraguai e também para Holanda, juntos contribuíram para reduzir a queda acumulada em 2019, de - 7,1% no semestre para -3,2% até o mês de julho. A desaceleração das atividades nos em países da Zona do Euro, as tensões entre EUA e China e a crise na Argentina, ajudam a explicar a queda das exportações de máquinas ano (jan-jul).

 

O crescimento no mês de julho/19 teve como destaques o melhor desempenho nas vendas de dois segmentos: (i)Máquinas para Logística e Construção Civil: O segmento possui mais de 1/3 de participação nas exportações do setor e, em julho/19, exportou 23,9% a mais. No período ocorreu a venda de CaminhõesBetoneira para o Paraguai e Material para Andaime, armações ou escoramentos. (ii)Componentes para a indústria de bens de capital: Com participação de 27% nas exportações do setor, o crescimento no mês foi impulsionado pelas vendas de Torneiras e/ou dispositivos semelhantes para canalizações vendidas aos EUA e, principalmente, Holanda.

 

Pela primeira vez na série histórica das exportações de máquinas e equipamentos os EUA vem aparecendo como o principal destino de máquinas nacionais - 1/3 das exportações foram direcionadas à eles. As vendas para a América Latina, que no passado chegaram a superar a marca de 50% do total exportado pelo setor, vêm apresentando retração contínua e em 2019 chegou a 31,9% Este cenário reflete, principalmente nos últimos 2 anos, a crise no mercado argentino que levou as aquisições de máquinas recuarem de um total de 15% das vendas externas nacionais em 2017 para 6% em 2019, ou de US$ 1,4 bi para cerca de US$ 600 milhões anualizado.

 

No mês de julho/19, as importações de máquinas e equipamentos cresceram novamente, tanto em relação ao mês de junho/19 (+11,1%) quanto na comparação interanual (+19,9%). Com isso, no ano (jan-jul) o crescimento das importações de máquinas chegou a 10,8%, na comparação com o mesmo período de 2018. Importante destacar que este crescimento se deu todo do segundo trimestre do ano. Há, portanto, sinais de clara melhora dos investimentos realizados com bens importados, a expectativa é de que este quadro de melhora atinja com mais vigor também a produção doméstica.

 

No mês de julho, feita a análise setorial, o que se observa é o aumento generalizado das importações, mas um crescimento mais expressivo em dois mercados: (i) De componentes para a indústria de Bens de Capital: Aumento de 35% puxado pela aquisição de Torneiras e/ou dispositivos semelhantes para canalizações (+70,6%). (ii) Máquinas para a indústria de transformação: Aumento de 46% nas importações, com predominância de aquisição de máquinas e equipamentos para controle, qualidade e medição. No ano (jan-jul19), o segmento de Componentes vem sustentando o crescimento das importações, com crescimento de 34,8%, 1/3 das máquinas importadas.

 

As máquinas chinesas, vem perdendo participação gradativamente no mercado nacional. Em 2017 a China se destacou como a principal origem das importações de máquinas e equipamentos, tirando esta posição dos Estados Unidos. Os EUA, mesmo tendo expandido sua participação em 0,7 p.p. em 2019, representa pouco mais de 18% das importações de máquinas, contra mais de 22% em 2013. As máquinas alemãs, italianas e japonesas, reconhecidamente como aquelas de alto padrão tecnológico internacional, ocupam cada vez menos espaço nas estruturas industrias brasileiras.

 

O consumo aparente (produção – Exportação + Importação) de máquinas e equipamentos registrou crescimento no mês de julho de 2019 em relação ao mês imediatamente anterior (+1,7%), mas queda quando comparado com julho de 2018 (-0,9%). Este desempenho se deu pelo aumento do consumo de bens importados, a aquisição de máquinas produzidas localmente recuou 10% sobre jun19 e 17% sobre jul18. No ano (jan-jul) o consumo aparente registrou crescimento de 9,6%, ligeiramente abaixo dos desempenho acumulado até o mês de jun/19 (11,8%), refletindo, provavelmente, a desaceleração das atividades observada no segundo trimestre deste ano.

 

Após a forte crise econômica, que levou ao encolhimento tanto do estoque de capital como de mão de obra, a indústria de máquinas e equipamentos continua atuando com forte ociosidade. Em julho de 2019 o setor atuou com 73,9% da sua capacidade instalada, um recuou de 2,8% em relação ao mês de junho/19. A carteira de pedido também continua em níveis historicamente baixos. O setor de bens sob encomenda, cuja carteira girava ao redor de 6 meses, praticamente desapareceu com a ausência de investimentos em infraestrutura do país. O volume de investimentos em infraestrutura está em 1,7% do PIB quando, para se igualar com a média mundial, precisaria ser ao redor de 5% do PIB nacional.

 

Após ter reduzido em mais de 90.000 o números de pessoas empregadas na indústria brasileira de máquinas equipamentos, em 2018 o setor retomou o processo de ampliação e contratou 10.000 pessoas. Em 2019, mesmo com a atividade ainda fraca, o setor manteve as contratações e encerrou o mês de julho/19 com mais 8.000 pessoas empregadas sobre o final de 2018, um total de 309 mil colaboradores. A indústria de máquinas e equipamentos se destaca pela qualidade da sua mão de obra, e por estar entre os setores que oferecem as melhores remunerações do país, 86% acima da média nacional.

 

 

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