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Cultura do Automóvel

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Mario Cuca

Auto-Rama, o automobilismo de quem estava começando

Dizem que o autorama foi feito para as crianças, mas são os adultos que aproveitam. Acho que isso era verdade nos anos 60, quando não havia computadores e celulares e as crianças brincavam com brinquedos de verdade. O fato é que eu tive vários amigos na infância cujos pais compraram para eles o tão desejado e caro autorama com uma enorme dose de segundas intenções, já que eles se reuniam nos fins de semana levando consigo os brinquedos dos filhos, juntavam todas as pistas e colocavam uma tabuleta na porta do porão: “Proibida a entrada de menores de 25 anos”.

Felizmente, não fiz parte desse grupo. Foi no Natal de 1968 que, depois de enviar uma cartinha para o Papai Noel, com o pedido do Autorama, fui atendido. O bom velhinho sempre foi generoso comigo e, talvez por causa disso, continuo acreditando nele até hoje. Bem, pelo menos mais do que nos políticos.
Minha casa estava cheia, com muitos parentes de outras cidades, Nunca mais esqueci do momento em que vi o meu sapatinho com uma enorme caixa em cima. O desejo virou realidade, eu havia ganho o meu Auto-Rama. Como se escreve autorama? De várias formas, os mais modernos passaram a ser escritos assim, na caixa, “Autorama”, mas o meu se escrevia com hífen: Auto-Rama. Era um Auto-Rama Estrela Super Pista, com uma uma tipica família americana na foto maior.
Agarrei a caixa com força e entrei na sala gritando de felicidade. Logo meus irmãos maiores vieram para me ajudar abrir o brinquedo. Interesseiros, acho eu hoje. Na hora, era só alegria. Dois carrinhos Chaparral brancos, com a única diferença nos capacetes, um verde e outro vermelho. A pista foi montada bem embaixo da enorme árvore de Natal.
Eu já conhecia as versões anteriores dos primeiros Auto-Ramas, esse meu era melhor, mais moderno, com pneus de borracha que realmente grudavam na pista de plástico. É claro que eu não dormi naquela noite, fui desmontando e montando aquela pista em todos os cantos sempre que os convidados iam fazendo suas camas pelo chão da casa, para passar a noite. Lembro que o último lugar que montei a pista foi no estreito corredor, ninguém queria passar a noite lá.
No dia seguinte, montei o Auto-Rama na varanda e descobri que meu vizinho Armando tinha ganho um igual, só que com Mustangs. Tentamos juntar as pistas, até descobrirmos, ainda sem uma base científica, que os fracos transformadores de 12 volts não eram suficientes para alimentar a pista grande, que inevitavelmente sofria de mau-contato nas junções. Mesmo assim, brincamos juntos. Descobrimos também que o Chaparral era melhor que o Mustang, muito melhor. Sorte a minha. Depois dos feriados, meu irmão Beto foi até a Aerobrás, loja em São Paulo que ainda existe, e me trouxe dois jogos de pneus de espuma. Aí sim, os Chaparral ficaram ainda melhores.
O ano novo se passou e a vida voltou ao normal. Mas não para mim. Com o tempo, a escassa manutenção acabou com os carrinhos, com contatos se desgastando e eu fuçando em tudo para melhorar. Mas só serviu para eu aprender. Fui evoluindo até um Brabham BT 42, também da Estrela, de uma série bem mais moderna do então Autorama. Foi quando participei do Campeonato Nacional de Autorama, com Emerson Fittipaldi. Mas aí já é outra história de Autorama.
Hoje em dia o autorama, escrito assim mesmo, com caixa baixa, ainda existe, internacionalmente é chamado de slot-car, mas não tem o apelo que tinha há meio século. Os jogos eletrônicos de qualquer natureza, incluindo os de pilotagem de automóveis em pistas virtuais, sobrepujaram os brinquedos físicos. Pois é, já pilotei o Lotus 72 do Emerson na pista antiga de Interlagos e o Porsche 917 em Le Mans. Fácil, né? Porém, algo se perdeu. A garotada de hoje não tem contato físico com os brinquedos, não sabem como trocar um pneu ou acertar o chassis. Resumindo, não se coloca mais a mão na massa, não se vê mais a realidade. Saudoso, eu? Claro, sou e sempre serei, pois, de alguma forma, meus sonhos sempre se realizara.
Na próxima, falarei do Led Zeppelin.
Até lá.

Mario Marcio Souto Maior

Pole-position na Turma do Gargarejo

Foi com enorme prazer, surpresa e carinho que recebi o convite do meu velho amigo Gabriel Marazzi para escrever uma coluna no seu novo site da Web. Fiquei meio que sem saber se aceitava, pois apesar já haver escrito algumas histórias para seu antigo blog, estes sempre foram textos sobre a nossa infância e adolescência, passadas no início dos anos 70 em um bairro da Zona Oeste de São Paulo. Histórias, naturalmente, sempre recheadas de automóveis e rock, muito rock.
Achei então que eu não teria mais tantas historias assim para contar, no entanto, após uma intensa negociação que durou uns cinco minutos, chegamos a um acordo. Estamos acordados que eu escreverei justamente sobre as duas maiores paixões das nossas vidas: a música e os motores.
Escreverei para vocês sobre o passado, o presente e futuro, sobre os dois assuntos. Quando o rock e os carros se juntam, então, é o máximo. Talvez seja por isso que curtíamos tanto rodar naquele velho Fusquinha 67 cujo melhor equipamento era um toca-fitas TKR. Dessa forma, Gabriel e eu temos ligados a musica e o automobilismo como assunto principal na história das nossas vidas. Não faltarão oportunidades para contar algumas dessas histórias. 
Na minha coluna (chique, não?), vou falar de Emerson Fittipaldi a Led Zeppelin, de carrinhos de Autorama a Fórmula 1, do passado e do presente, do Made in Brazil a Felipe Massa, de corridas a shows memoráveis. Não só das bandas mais importantes do mundo, mas também daqueles shows em que nós dois nos pendurávamos em altas escadas para montar a aparelhagem de iluminação das bandas brasileiras, como O terço, Made In Brazil e rita Lee. Tudo isso nos anos 70. E olha que não somos assim tão velhos. Clássicos, talvez.
Eu, desde criança, sempre fui apaixonado por corridas, mesmo antes de eu assistir o sensacional filme Grand Prix, com James Gardner. A música também veio cedo, uma vez que meu irmão mais velho, o jornalista Marco Antônio Souto Maior, me ensinou a tocar violão com muita paixão. Hoje, desde criança, continua na música e também sou contrabaixista.
Lá, naquele bairro da Zona Oeste, nós dois trocamos informações sobre cada uma de nossas paixões, ele me mostrou como se pilotava e eu mostrei como se tocava. Pena que ele não aprendeu nada do assunto.
Então, amigos, peço licença para entrar em seus computadores para contar essas histórias. Na próxima, Autorama.


Mario Marcio Souto Maior

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